A pergunta de um seguidor trouxe um tema interessante e frequentemente mal compreendido: o uso da palavra “sequer”. Será que ela pode ser usada sozinha? Quando tem valor negativo? Este post esclarece essas dúvidas e ajuda você a evitar erros no uso dessa palavra, tanto na redação jurídica quanto em outros contextos.
“Sequer” sozinho tem valor negativo?
A resposta é não.
De acordo com as melhores gramáticas, dicionários e manuais de redação, “sequer” sozinho não possui sentido negativo. A palavra indica “ao menos” ou “pelo menos”. Ou seja, sua presença não implica negação se não houver uma palavra negativa na frase.
Exemplo de uso incorreto:
“O autor sequer impugnou a decisão.”
Se escrito dessa forma, a frase significa que o autor ao menos impugnou a decisão, ou seja, ele realizou a ação.
Se o objetivo era negar essa ação, a forma correta seria:
“O autor nem sequer impugnou a decisão.”
Por que isso acontece?
O “sequer” precisa estar acompanhado de uma expressão negativa, como “não” ou “nem”, para adquirir um sentido negativo. Sem isso, a palavra não carrega negação por si só.
Exemplos que NÃO possuem sentido negativo:
“Os juízes sequer foram avisados da mudança.”
(Significa que eles foram ao menos avisados.)
“A adolescente cresceu privada da presença do pai e sequer pôde conhecê-lo.”
(Significa que, ao menos, ela pôde conhecê-lo.)
“Sequer tiveram tempo para avaliar o caso.”
(Significa que tiveram ao menos algum tempo para avaliar.)
Como construir o sentido negativo?
Basta incluir uma expressão negativa. Veja os exemplos corrigidos:
Errado:
“Os juízes sequer foram avisados da mudança.”
Correto:
“Os juízes nem sequer foram avisados da mudança.”
Errado:
“A adolescente cresceu privada da presença do pai e sequer pôde conhecê-lo.”
Correto:
“A adolescente cresceu privada da presença do pai e não pôde sequer conhecê-lo.”
Errado:
“Sequer tiveram tempo para avaliar o caso.”
Correto:
“Nem sequer tiveram tempo para avaliar o caso.”
Errado:
“O nome das supostas vítimas sequer foi informado.”
Correto:
“O nome das supostas vítimas não foi sequer informado.”
Mas dicionários não indicam que “sequer” tem sentido negativo?
Alguns dicionários, como Houaiss e Michaelis, trazem exemplos em que “sequer” parece ter valor negativo. Contudo, ao analisar os exemplos fornecidos, percebe-se que há sempre uma palavra negativa na construção. Veja:
Houaiss: “NÃO é sequer corajoso.”
Michaelis: “NÃO tem sequer uma casa e se diz rico.”
Esses exemplos confirmam que “sequer” sozinho não nega nada, mas, sim, quando acompanhado por expressões negativas.
“Nem sequer” é redundante?
Não! A combinação “nem sequer” não é redundante, mas sim necessária para expressar negação de forma clara e correta.
Conclusão
O uso correto de “sequer” é essencial para evitar ambiguidades e garantir que a mensagem seja transmitida com precisão.
Sozinho: Indica “ao menos” ou “pelo menos”.
Com palavra negativa (não, nem): Passa a ter sentido negativo.
Gostou das dicas? Curta, comente e compartilhe este post com seus amigos e colegas. Vamos espalhar conhecimento!
Assista aos meus vídeos no Youtube
Me siga no Instagram
Compre o E-book Guia de Redação Jurídica
