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A forma como o juiz lê sua peça importa

Há muito mais envolvido no processo de leitura de uma peça jurídica do que geralmente imaginamos. Advogados, especialmente os iniciantes, costumam se concentrar exclusivamente no conteúdo: estudam o caso do cliente, consultam doutrinas, pesquisam jurisprudência e, por fim, redigem a peça.

Mas esquecem de algo essencial: a forma. E é exatamente aí que muitos tropeçam.

A forma como a petição é escrita e apresentada é tão importante quanto o conteúdo jurídico. Desde a escolha da fonte e do espaçamento até o uso adequado das palavras, tudo influencia a percepção do julgador.

Para ilustrar, pense no seguinte exemplo: ao usar uma palavra deslocada — como “forma florestal” em vez de “forma textual” — o leitor imediatamente sente estranheza. Você vinha acompanhando a leitura bem, mas de repente a confiança no texto diminui. Essa quebra de expectativa gera o que a psicologia chama de tensão cognitiva.

E sabe o que a ciência diz sobre isso?

De acordo com pesquisas, inclusive da obra “Rápido e Devagar”, de Daniel Kahneman, quando realizamos uma tarefa mentalmente exigente — como ler um texto confuso — nosso corpo consome mais energia. Isso reduz os níveis de glicose, causando cansaço mental e irritabilidade.

Agora pense no juiz. Ele tem dezenas de processos para analisar por dia. Se sua petição vier mal formatada, confusa ou excessivamente longa, ela vai consumir mais esforço do que deveria. O resultado? Prejuízo direto à sua argumentação.

Aí entram dois efeitos psicológicos poderosos:

  • Efeito Halo: quando algo começa bem, tende a influenciar positivamente o julgamento do todo.

  • Efeito Priming: a primeira impressão molda as percepções seguintes, mesmo de forma inconsciente.

Ou seja, uma peça bem estruturada, visualmente agradável e escrita com clareza prepara o cérebro do julgador para receber melhor seus argumentos. E o contrário também é verdadeiro: se ele começar a leitura com incômodo, há grande chance de rejeição da tese antes mesmo de se chegar ao mérito.


Em resumo:

 A forma influencia tanto quanto o conteúdo.
 Textos mal escritos geram cansaço e resistência cognitiva.
 Redações claras, objetivas e bem apresentadas geram conforto e facilitam o convencimento.
 Petições “confortáveis” ganham mais chances de sucesso, mesmo em causas difíceis.

Nos próximos posts, vou abordar com mais detalhes o efeito halo, o efeito priming e como pequenas escolhas na redação podem fazer uma grande diferença no resultado do seu trabalho.


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6 de junho de 2025
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