
A rotina da advocacia exige eficiência. Diante da repetição de demandas semelhantes, é natural e até recomendável o uso de modelos para otimizar a produção de peças jurídicas. No entanto, essa prática, se mal administrada, pode comprometer a qualidade dos textos e, consequentemente, a credibilidade do advogado.
O problema não está em utilizar modelos, mas sim em não revisá-los. Muitas vezes, uma redação incorreta, truncada ou desatualizada é replicada por anos sem que ninguém perceba, gerando impacto negativo perante magistrados, assessores e partes envolvidas no processo.
Um Caso Real: Quando o Modelo Se Torna um Problema
Recentemente, tive contato com um agravo de instrumento contendo o seguinte trecho:
“O agravante requer a essa egrégia Corte se digne receber o presente recurso na sua forma de instrumento (artigo 1.019 do CPC/2015), eis que sua conversão em agravo retido causaria ao agravante lesão de grave e difícil reparação.”
Aqui, encontramos alguns problemas evidentes:
- Construção frasal pouco clara e truncada
- Uso inadequado de expressões rebuscadas
- Referência ao extinto agravo retido, que deixou de existir com o CPC/2015
O mais preocupante, no entanto, é que esse texto já havia sido utilizado em diversas outras petições, revelando que o modelo nunca passou por uma atualização criteriosa.
A Revisão Como Prática Essencial
Modelos são ferramentas valiosas, mas precisam ser constantemente aprimorados. Um texto mal escrito ou desatualizado pode não apenas comprometer a compreensão do pedido, mas também prejudicar a imagem do advogado perante o Judiciário.
Se não há possibilidade de contratar um revisor profissional, é fundamental adotar medidas simples, como:
- Leitura crítica periódica: Reserve um tempo para revisar seus modelos e verificar sua coerência e atualização.
- Troca de revisões entre colegas: Um olhar externo pode identificar problemas que passaram despercebidos.
- Acompanhamento das mudanças legislativas e jurisprudenciais: Termos e fundamentos jurídicos podem se tornar obsoletos.
Conclusão
A credibilidade do advogado começa na forma como ele se comunica. Um modelo bem escrito transmite profissionalismo, enquanto um texto mal elaborado pode gerar descrédito e enfraquecer os argumentos apresentados.
Revisar seus textos padrões não é uma mera formalidade – é um investimento na sua reputação e na qualidade do serviço prestado.
Agora fica a pergunta: quando foi a última vez que você revisou os modelos que usa no seu dia a dia?
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