
Na escrita jurídica, cada detalhe conta. Pequenas escolhas no texto podem demonstrar conhecimento técnico, profissionalismo e até influenciar decisões importantes. Um exemplo marcante disso ocorreu quando participei de um processo seletivo para a contratação de um novo assessor em um gabinete.
Minha função era corrigir os projetos de acórdãos elaborados pelos candidatos. Como esperado, a maioria seguiu uma estrutura padrão e pouco aprimorada:
📌 O primeiro parágrafo começava com “Trata-se de apelação cível interposta…”.
📌 O segundo iniciava com “Sustenta, em síntese, que…”, sem explicitar o sujeito da oração.
Essa estrutura é amplamente utilizada, mas não é a mais adequada. O uso genérico de expressões sem um sujeito definido pode comprometer a clareza do texto e prejudicar a sua força argumentativa.
O Candidato que Se Destacou
No entanto, um dos projetos chamou minha atenção por um detalhe sutil, mas relevante. Diferente dos demais, o candidato redigiu o segundo parágrafo da seguinte forma:
“O APELANTE sustenta, em síntese, que…”
A inclusão do sujeito trouxe mais precisão e clareza à argumentação. Achei a escolha interessante e comentei com o desembargador. Como ele era um profundo apreciador da língua portuguesa — tanto que esse foi um dos motivos pelos quais me contratou —, esse detalhe teve peso na avaliação final. O candidato, demonstrando também competência jurídica, foi selecionado.
O Que Podemos Aprender com Isso?
Você pode não perceber no dia a dia, mas a forma como estruturamos um texto pode ser decisiva. Muitas vezes, a diferença entre um texto mediano e um texto excelente está justamente nos detalhes.
Evitar fórmulas prontas, construir frases claras e bem estruturadas e atentar-se ao uso correto dos elementos gramaticais são passos fundamentais para quem deseja se destacar na redação jurídica. Seja ao redigir um parecer, uma petição ou um acórdão, uma boa escrita pode fazer toda a diferença.
Pequenos ajustes podem parecer insignificantes, mas na prática são eles que definem o nível de excelência do profissional do direito.
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