
Uma das características fundamentais de um bom advogado é a capacidade de antecipar as ações da parte adversa. Porém, isso exige equilíbrio: revelar fatos no momento certo é essencial, mas levantar questões desnecessárias pode prejudicar seu cliente. Este artigo aborda como conduzir esse aspecto estratégico na advocacia.
Revele fatos contrários ao cliente com estratégia
Se você sabe de um fato desfavorável ao seu cliente, a melhor postura é revelá-lo logo na primeira oportunidade. Por quê?
Credibilidade: O juiz verá que você age de forma transparente, o que fortalece sua postura profissional.
Prevenção de penalidades: Esconder fatos relevantes pode levar à acusação de litigância de má-fé, além de desvalorizar seus argumentos perante o julgador.
Atenção: Apenas revele o que for necessário. Não entregue informações irrelevantes ou que possam ser interpretadas de forma equivocada.
Quando o silêncio é estratégico
Nem toda situação exige que o advogado destaque uma questão que já está posta nos autos. Por exemplo:
Intempestividade: Se você sabe que a contestação é intempestiva, não há necessidade de chamar atenção para isso com títulos como “DA TEMPESTIVIDADE”. O assessor e o juiz têm a obrigação de verificar os prazos.
Regra prática: Em situações onde o erro ou questão prejudicial já é evidente nos autos, deixe que a outra parte o aponte. Não é seu papel reforçar argumentos contrários.
Cuidado com a insistência desnecessária
Evite se estender em temas que não precisam de defesa exaustiva, especialmente quando podem levantar suspeitas.
Exemplo de gol contra: Dedicar seis páginas na inicial para provar a competência territorial do juízo.
Isso pode fazer o juiz e seus assessores questionarem algo que, até então, não era uma preocupação. Um excesso como esse pode gerar prejuízo ao cliente, como conflitos de competência ou atrasos no processo.
Exceção: Quando há uma controvérsia conhecida e relevante sobre um tema, como a competência, é prudente abordá-la. Mas sempre com parcimônia e objetividade.
A regra de ouro: coopere, mas com inteligência
Apresentar informações relevantes é parte do dever de cooperação processual, mas isso não significa expor desnecessariamente questões que possam despertar desconfianças infundadas no juiz.
Dica prática: Antes de incluir qualquer ponto em suas peças, pergunte-se:
Isso é realmente necessário para o julgamento?
Essa informação contribui ou pode gerar dúvidas desnecessárias?
Conclusão
Antecipar as jogadas da parte adversa é um trunfo estratégico que separa advogados bons de excelentes. Contudo, essa antecipação deve ser feita com inteligência e cautela. Revelar apenas o necessário, evitar levantar suspeitas sem fundamento e manter o foco nos objetivos do cliente são princípios essenciais para evitar “gols contra”.
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