
Como escrever bem: dominando o assunto
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Semana passada elaborei minuta de acórdão relativo a uma apelação interposta contra sentença que julgou improcedente pretensão dos autores de anulação de procedimento de consolidação, em favor do credor fiduciário, da propriedade de um imóvel.
Havia muitas particularidades no caso (as quais não cabe aqui apontar), o que fez com que ele se tornasse para mim bastante complexo.
Para terem uma ideia, apenas para começar a escrever o projeto levei quatro horas, pois tive de, digamos assim, revisitar toda a matéria antes.
Acredito que a minuta, que aguarda revisão da chefia, está juridicamente correta.
Já quanto a estar bem-escrita… bom, daí já é outra história.
É que quando não dominamos o assunto sobre o qual escrevemos, não tem jeito, a redação sai capenga.
Quando não entendemos bem a questão fática ou jurídica que envolve a demanda, tudo o que queremos é terminar de escrever a peça de uma vez por todas, e nessa ânsia de finalizá-la tendemos, por estarmos cansados ou impacientes, a redigir textos em que falta coesão (colocamos um “assim” quando deveria ser “todavia”), a redigir textos em que não há fluência de ideias ou, especialmente, textos que apresentam conclusões malfeitas (cansei de ler peças nas quais o capítulo “Do Direito” termina com uma citação, sem um fecho propriamente dito).
Por outro lado, quando dominamos o assunto sobre o qual discorremos, ficamos mais confortáveis na cadeira.
Como consequência, nossa respiração fica mais calma, nossas sinapses funcionam melhor e nosso texto tende a fluir numa sequência lógica e coesa.
Prestes a pegarem uma causa sem terem pleno domínio dela?
Cuidado, pois certamente a peça não sairá lá grandes coisas.
O conhecimento do assunto é diretamente proporcional à redação de um bom texto.