Como se escreve: Aluguel ou alugueres?
Pessoal, é o seguinte.
Mesmo com o acordo ortográfico, que veio com o propósito de uniformizar a escrita, existem palavras que em Portugal são tradicionalmente escritas de uma forma e no Brasil de outra.
Isso acontece principalmente com palavras que apresentam consoantes mudas (consoantes que não se pronunciam).
Assim, enquanto em Portugal encontramos mais frequentemente as palavras “contactar, “facto”, “factor” e “óptimo”, no Brasil escrevemos “contatar”, “fato”, “fator” e “ótimo”.
Existe diferença também no que tange à acentuação: as palavras “académico”, “cómodo” e “génio” são europeias.
Aqui, comumente escrevemos “acadêmico”, “cômodo” e “gênio”.
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Fiz essa introdução para mostrar que a grafia de algumas palavras da língua portuguesa pode variar a depender do solo em que se pisa (soou poético isso).
É exatamente o caso das palavras do post de hoje.
Escreve-se “aluguer” em Portugal e “aluguel” no Brasil.
Ambas as grafias, contudo, são aceitas nos dois países (assim como as mencionadas acima).
Em textos de leis mais antigas, há várias palavras cuja grafia é, ou era, lusitana.
Apenas para dar um exemplo, o Código Civil de 1916 traz as palavras “acto”, “facto”, “contracto” e… “ALUGUER”.
Pois bem.
Por razões que desconheço, a forma “aluguer” colou, digamos assim, na linguagem jurídica.
Consequentemente, embora seu emprego coloquial seja muito mais corrente em Portugal do que no Brasil, não raro a encontramos por aqui em peças jurídicas.
E não está errado!
Tanto que o Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) registra as duas palavras, “aluguel” e “aluguer”.
Eu não gosto e nunca escrevo “aluguer” em minhas peças.
Isso porque, além de eu considerar essa forma feia, o Código Civil de 2002 não traz a palavra, o Código de Processo Civil também não, e a Lei n. 8.245/1991, que dispõe sobre locações de imóveis urbanos, só a traz uma única vez.
Porém ela não está, repito, errada.
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Resumindo, está tão correto escrever “aluguéis” quanto “alugueres”: a primeira forma é plural de “aluguel”; a segunda, de “aluguer”.
Apenas não aconselho seu uso indiscriminado numa mesma peça, ora de uma maneira ora de outra.