
Em ações com múltiplos autores, como marido e mulher no polo ativo, é comum surgir a dúvida: como me referir a apenas um deles ao longo da petição?
Neste artigo, você aprenderá a forma mais clara, técnica e estratégica de fazer isso — sem prejudicar a compreensão do leitor e respeitando as boas práticas de redação jurídica.
“A parte autora” não resolve
Quando usamos a expressão “a parte autora”, estamos, tecnicamente, nos referindo ao conjunto de autores. Ou seja, a ambos.
Exemplo: Se João e Maria ajuizaram a ação, “a parte autora” se refere a João e Maria.
Logo, se a sua intenção é falar apenas do marido, essa expressão está errada, pois dá a entender que está falando dos dois.
“O primeiro autor” também não é ideal
Muita gente recorre à expressão “o primeiro autor”, mas ela também não é recomendável.
Por quê?
Porque obriga o leitor (o assessor, o magistrado ou qualquer julgador) a voltar ao preâmbulo da petição para verificar quem é esse “primeiro autor”.
E toda vez que o leitor precisa sair do ponto em que está para buscar um dado anterior, você perde força argumentativa. Lembre-se: leitor convencido é leitor confortável.
Usar apenas o nome da parte gera confusão
Alguns podem pensar: “Então escrevo só o nome: João Carlos”.
Parece simples, mas não é recomendável, porque o leitor pode não se lembrar se João Carlos é autor ou réu, especialmente se o nome não for citado com frequência.
No meio de uma petição extensa, isso prejudica a clareza — e, consequentemente, a persuasão.
A forma correta: “o autor”
Se o polo ativo for formado por um homem e uma mulher, como João e Maria, a solução ideal é:
“o autor” (quando se referir ao homem);
“a autora” (quando se referir à mulher).
Essa forma é simples, direta e compreensível. Quem está lendo sabe que João e Maria são autores, então “o autor” só pode se referir ao João, e “a autora”, à Maria.
Dica extra: essa clareza é ainda mais importante em peças complexas ou recursos, onde o raciocínio do leitor não pode ser quebrado por ambiguidade ou falta de precisão.
E se os dois autores forem do mesmo sexo?
Aqui é preciso um pouco mais de cuidado, mas a solução continua simples.
Imagine que Bruna e Beatriz são as autoras da ação.
Nesse caso, use:
-
“a autora Bruna”
-
“a autora Beatriz”
Atenção: não use vírgula entre “autora” e o nome. O correto é:
“a autora Bruna”
“a autora, Bruna”
Evitar ambiguidades na petição é essencial para manter o texto fluido, claro e persuasivo. Quando se trata de ações com mais de um autor, siga estas boas práticas:
-
Evite “a parte autora” se quiser falar de apenas um deles.
-
Não use “o primeiro autor” nem apenas o nome próprio.
-
Prefira “o autor” ou “a autora” quando o contexto for claro.
-
Em casos de autores do mesmo sexo, use “a autora Bruna” ou “a autora Beatriz”, sem vírgula.
Esses cuidados fazem diferença na leitura da peça e valorizam a sua argumentação.
Assista aos meus vídeos no Youtube
Me siga no Instagram
Compre o E-book Guia de Redação Jurídica