Por que, muitas vezes, temos uma ideia clara na cabeça, mas ao tentar colocá-la no papel tudo se embaralha? A escrita, afinal, parece exigir mais esforço do que apenas pensar.
Uma possível explicação vem da mitologia grega. Hesíodo, em Teogonia, conta que no princípio existia apenas o Caos – tudo misturado e sem forma. Aos poucos, os elementos se separaram e o mundo tomou ordem. Escrever é um processo semelhante: transformamos o “caos” dos pensamentos em um texto estruturado, guiado pelas regras da gramática.
Nosso pensamento não segue regras fixas, flui de forma desordenada, com associações rápidas e impulsivas. Já a escrita exige disciplina, lógica e organização. Veja um exemplo:
“Mente ou cérebro?… gramática ordena… caos da mente tem que suar… é fácil?… tem de gostar… desregrado… ficando bom…”
Isso é um fragmento de um pensamento puro, ainda sem organização. O trabalho de quem escreve é estruturar esse fluxo confuso para que ele faça sentido. É por isso que escrever não é natural – é um exercício de colocar ordem no caos.
A boa notícia? Escrever bem é uma questão de tempo e prática. Não por acaso, Cronos, o Deus do Tempo, também faz parte desse processo.
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