
“Nada a opor” ou “Nada que opor”. Como escreve?
“Professor, uma dúvida: ‘nada que opor’ ou ‘nada a opor’?
Certa vez fiz um concurso em que uma das questões (prova de gramática) dava como certa a alternativa que indicava ‘nada que opor’.
Julgando recurso contra a questão, a banca reiterou se tratar da grafia correta; desde então, é a forma que utilizo…”.
A banca está certa.
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Segundo Napoleão Mendes de Almeida, na nossa língua existe a tendência equivocada de colocar a preposição “a” em grande número de expressões, entre elas essa apresentada pelo seguidor.
O gramático diz que tal uso das preposições constitui um tipo de galicismo, que é o termo usado para fazer referência ao modo de escrever parecido com o francês.
Assim, por ser galicismo, não está bem-redigida a seguinte construção:
“Nada tenho a declarar”.
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A explicação está no fato de não ser o “a” pronome relativo.
Devemos corrigir a frase para:
“Nada tenho QUE declarar”.
Vejam: o “que” é pronome relativo e cumpre aí função de objeto direto de “declarar”, função que, nessa frase, não poderia ser exercida por “a”.
Vou tentar explicar melhor.
Na frase “eu a amo”, o “a” é sem dúvida objeto direto de “amo”.
Todavia, na construção “Nada tenho a declarar”, o “a” não cumpre essa função (aliás, não cumpre função sintática nenhuma).
O ponto é que, nesse caso, o “a” não equivale a “ela”, como em “eu a amo”.
Deu pra pegar como escreve?
Por essa razão é que a frase do post, “O acusado nada tem a opor”, também está incorreta.
O certo é “O acusado nada tem QUE opor”, com o “que” objeto direto de “opor”.
É estranho, mas é o correto.
Era isso.