Não escreva informação irrelevante
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De nada adianta escrever de maneira gramaticalmente correta se a mensagem transmitida é fraca, irrelevante.
É tão curioso: às vezes escrevemos até de forma coesa e clara, mas ao texto falta conteúdo, falta algo que agregue conhecimento ao leitor.
Vejam, por exemplo, a seguinte frase:
“A verossimilhança das alegações está evidenciada pela propositura da presente demanda, a qual mostra que o autor, ao tomar a iniciativa de acionar o Judiciário, tem direitos a reivindicar”.
Reparem que a frase não diz absolutamente nada.
Está redigida bonitinha, de forma coesa, bem virgulada?
Sim, mas isso não é suficiente.
Devemos passar conteúdo para o leitor, e não ficar enchendo linguiça.
Só para constar, a frase apresentada é real, eu a extraí de uma peça de um processo que estava analisando.
Leiam esta outra construção:
“A respeitável decisão interlocutória proferida pelo Excelentíssimo Magistrado de primeira instância, ora agravado, merece ser reformada, uma vez que proferida em franco confronto com os interesses da parte agravante”.
Oi? A decisão deve ser reformada porque vai contra os interesses do agravante? Tá se achando, hein?!
Quer dizer então que ir contra os interesses da parte agravada tá tudo certo! Sem contar a menção de que o magistrado é o agravado.
Reparem que novamente a frase, que também extraí de uma peça real, está GRAMATICALMENTE bem redigida; não tem, todavia, conteúdo relevante.
E o incrível é que essa frase apareceu em várias peças que chegaram até mim, de escritórios diferentes, o que significa que muito provavelmente foi retirada de algum tipo de modelo pronto.
Cuidado com modelos… já disse isso várias vezes aqui.
Esse foi o recado de hoje.
Em suma, quando forem escrever, pensem duas, três vezes se a informação é relevante, se ela acrescenta algo.
Frases como as apresentadas, ainda que corretas quanto à gramática, irritam o leitor da sua peça, porque lhe desperdiçam o tempo.
Era isso.