
Muitos profissionais do direito e da escrita formal já se perguntaram: é correto utilizar “postergar para depois” ou essa expressão é redundante? A dúvida é válida, já que “postergar” significa “adiar”, e adiar algo é, por definição, deslocá-lo para um momento posterior. No entanto, a aparente redundância não se sustenta, pois o uso da expressão está gramaticalmente correto.
O Uso de “Postergar” com Adjuntos Adverbiais de Tempo
O verbo “postergar” pode ser utilizado de forma isolada, apenas com um objeto direto, sem que isso implique erro gramatical. Por exemplo:
- O juiz postergou a audiência.
- A Turma postergou a sessão.
- O juiz postergou a análise do pedido de levantamento de valores.
Entretanto, nada impede que, em frases com “postergar”, sejam incluídas informações adicionais sobre o tempo da postergação, por meio de adjuntos adverbiais. Esse uso é amplamente aceito e registrado em dicionários conceituados:
- “Ele foi obrigado a postergar seus compromissos para amanhã.” (Dicio – Dicionário Online de Português)
- “O Tribunal Eleitoral decidiu postergar a votação para 18 de outubro.” (Priberam)
Dessa forma, é totalmente correto escrever:
- “A Turma postergou a sessão para depois do recesso.”
- “Posterga-se a análise do requerimento de penhora on-line para depois de normalizado o funcionamento do sistema SisbaJud.”
- “O juiz postergou a análise do pedido de levantamento de valores para depois do julgamento do cumprimento de sentença.”
- “Postergo a análise do pedido de tutela de urgência para depois da contestação.”
“Para Depois” ou “Para Após”?
Um detalhe fundamental a ser observado é a escolha correta entre “para depois” e “para após”. A expressão “para após” é considerada inadequada porque tanto “para” quanto “após” são preposições, e, em português, preposições raramente podem ser utilizadas consecutivamente.
- “A Turma postergou a sessão para após o recesso.” (errado)
- “A Turma postergou a sessão para depois do recesso.” (correto)
Isso ocorre porque “depois” é um advérbio, não uma preposição, o que permite seu uso adequado após “para”.
Conclusão
Portanto, pode-se afirmar que a expressão “postergar para depois” é gramaticalmente correta e não constitui uma redundância, já que “para depois” age como um adjunto adverbial de tempo, fornecendo informação adicional sobre quando a ação ocorrerá. O que se deve evitar, contudo, é o uso de “para após”, pois a construção é incorreta do ponto de vista gramatical.
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