
Muitos advogados evitam repetir verbos ao redigir uma peça, acreditando que isso demonstra pobreza de vocabulário. Essa é uma ideia herdada das aulas de redação na escola, onde nos ensinavam que repetir palavras era um grande pecado. Mas será que isso se aplica ao texto jurídico?
A resposta é não, desde que a repetição seja consciente. Vamos entender por quê.
1. Repetições não são, por si só, erradas
Repetir palavras ou verbos no texto jurídico não é um problema, especialmente quando a repetição cumpre um propósito claro. Quando feita intencionalmente, a repetição pode ser uma ferramenta coesiva e útil para manter o foco no conteúdo.
Exemplo:
“O réu afirmou que estava ausente no dia do evento. Além disso, afirmou que jamais teve contato com as partes envolvidas.”
A repetição do verbo “afirmou” nesse caso não prejudica a fluidez do texto; pelo contrário, reforça a ideia principal sem confundir o leitor com verbos desnecessariamente variados.
2. Repetir é diferente de usar sinônimos a todo momento
Evitar repetições a todo custo pode levar a um texto monótono e até mesmo confuso. O leitor pode se distrair tentando entender se os diferentes verbos usados têm alguma nuance importante, quando, na verdade, eles têm o mesmo significado.
3. Quando evitar repetições?
A única situação em que a repetição é indesejável é quando ela ocorre por descuido, de forma não planejada, prejudicando o ritmo ou a clareza do texto.
Exemplo ruim:
“O autor alegou que o contrato é válido. O autor também alegou que o réu concordou com os termos. Por fim, o autor alegou que a parte adversa agiu de má-fé.”
Melhor:
“O autor alegou que o contrato é válido. Também alegou que o réu concordou com os termos e que a parte adversa agiu de má-fé.”
4. A dica essencial: repita conscientemente
Não há problema em repetir verbos como “disse”, “alegou”, “afirmou” ou “argumentou” ao longo da peça. O importante é que a repetição seja intencional e funcional, contribuindo para a clareza e a fluidez do texto.
Conclusão
Repetir verbos na redação jurídica não é um erro — é, muitas vezes, a escolha mais eficaz. A repetição consciente mantém o texto claro, evita distrações e reforça a força argumentativa.
Então, deixe de lado o medo da repetição e lembre-se: escrever bem é escrever com intenção.
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