Trabalhe a redação jurídica até conquistar o “efeito halo”
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Outro dia de trabalho. O juiz abre mais um processo.
Logo de início, na petição inicial, depara-se com a famosa logo do escritório de advocacia.
Daquele escritório que não raro angaria grandes vitórias.
O juiz analisará os autos com os mesmos olhos que o faria se a petição fosse escrita por um advogado iniciante?
Certamente não.
Vejam, se vocês gostam de uma pessoa, provavelmente gostam da forma como ela se comunica, gostam da sua aparência, do modo como ela defende suas ideias, e veem predicados que nem podem ser a ela atribuídos de fato.
É assim mesmo.
Quando gostamos de algo, criamos uma auréola em torno desse algo a ponto de adicionarmos às suas qualidades iniciais todas as demais coisas de que gostamos.
É o que Kahneman denomina “efeito halo”: tendência a gostar (ou desgostar) de tudo que diz respeito a uma pessoa ou situação, incluindo coisas que nem sequer foram observadas.
Pode acontecer de aquela petição inicial nem estar tão bem escrita assim, mas o efeito halo que se criou em torno do nome do escritório é tão grande, que provavelmente o juiz lerá o documento tendente já a lhe dar razão.
Então, seguinte. Trabalhem até conquistarem esse efeito halo.
A maioria dos grandes escritórios de advocacia não é grande por acaso.
Por trás do sucesso há muito empenho, muita leitura, muito treinamento de escrita e dedicação.
Mas, até lá, não se desesperem.
A boa notícia enquanto isso é que vocês podem fazer o efeito halo se manifestar em toda peça que elaboram.
A dica é redigir as duas primeiras páginas de maneira primorosa, com clara e concisa exposição de ideias.
Quando vocês começam bem, o juiz gosta da peça e forma-se nela uma auréola gigantesca, que somente um erro grave posterior será capaz de apagar.
