Usando os conectivos “aliás”, “além disso”, “não bastasse isso” e equivalentes
Usando os conectivos “aliás”, “além disso”, “não bastasse isso” e equivalentes
Conectivos. Trata-se da técnica que denomino de “deixar para último o que é mais importante”, para a qual conectores como “aliás”, “além disso”, “não bastasse isso” e “por sinal” são de enorme valia.
Usando os conectivos “aliás”, “além disso”, “não bastasse isso” e equivalentes
Pessoal, existe uma técnica de argumentação que eu gosto de utilizar nas minhas peças e de perceber naquelas que chegam até a mim.
Conectivos. Trata-se da técnica que denomino de “deixar para último o que é mais importante”, para a qual conectores como “aliás”, “além disso”, “não bastasse isso” e “por sinal” são de enorme valia.
Vou mostrar como ela funciona na prática.
Vamos supor que vocês tenham de interpor agravo de instrumento contra decisão que deferiu, em autos de recuperação judicial, pedido da empresa recuperanda de prorrogação do prazo de suspensão de todas as ações e execuções contra ela.
Pois bem.
A fim de sustentarem o cabimento do recurso, vocês podem começar dizendo que, apesar de nem a Lei de Recuperação Judicial nem o CPC trazerem previsão de agravo de instrumento contra tal conteúdo decisório, o caso de vocês não pode esperar até o julgamento de possível apelação (e expliquem por que não pode esperar).
No parágrafo seguinte, vocês podem argumentar que recentemente o STJ decidiu pela interpretação extensiva do art. 1.015 do CPC para nele incluir hipóteses em que a questão discutida na decisão agravada tenha de ser resolvida antes da prolação da sentença.
E é agora que entra a técnica do “deixar para último o que é mais importante”.
Iniciando o próximo parágrafo com um “Não bastasse isso”, vocês introduzirão aquele que na verdade é o argumento principal: que, em também recente decisão (REsp n. 1.722.866), o STJ assentou que, em demandas que versam sobre recuperação judicial, é aplicado de forma analógica o parágrafo único do art. 1.015 do CPC para permitir a interposição de agravo de instrumento também para esses casos.
Pronto.
Quando vocês fazem isso, isto é, quando trazem o argumento mais forte de todos no final, precedido de conectores como “Não bastasse isso”, o leitor meio que se vê obrigado a acatar a tese que estão sustentando.
É como se esse argumento derradeiro fechasse um círculo no raciocínio dele, em um caminho sem volta.