
Você estuda o caso, pesquisa precedentes, elabora teses, revisa a gramática… mas deixa passar um “detalhezinho” na forma da sua peça. Resultado? Todo o seu trabalho, por mais técnico e profundo que seja, pode parecer descuidado — e a impressão que causa no leitor não será das melhores.
A forma fala e fala alto
Depois de seis anos revisando acórdãos no TJSC, aprendi a reconhecer um texto malfeito sem nem mesmo ler o conteúdo. Bastava observar a forma como o texto se apresentava. Se o título começava em caixa-alta e terminava em minúsculas, se a abreviação de “Excelentíssimo Senhor” mudava de um parágrafo para o outro, se a data de julgamento aparecia uma vez como “julgado em 18-08-19” e outra como “j. 17/9/2020” — já sabia: havia relaxamento aí. E, via de regra, onde a forma era descuidada, o conteúdo também não era confiável.
A despadronização grita
Parece bobagem, mas o leitor nota. E o leitor, nesse caso, é o juiz, o desembargador, o assessor, o servidor. Gente treinada para perceber inconsistências. Quando sua petição varia sem critério entre:
- “Exmo. Sr.”, “Exmo. Senhor” e “Excelentíssimo Senhor”
- “julgado em 18-08-19” e “j. 17/9/2020”
- ou ementas com estilos de pontuação diferentes
… o que se transmite é falta de rigor, falta de revisão. Mesmo que isso não influencie tecnicamente a decisão, piora a percepção da sua peça. E percepção, no Judiciário, conta muito.
Não basta escrever bem. Tem que parecer que você escreve bem.
Em um ambiente competitivo como o jurídico, a forma é também argumento. Um texto bem escrito, bem apresentado e bem padronizado comunica ao magistrado que você teve o mesmo zelo com o conteúdo. Já uma petição visualmente bagunçada passa a imagem de desleixo — e essa é a última imagem que um advogado deveria passar.
Checklist da forma (pra nunca mais errar):
✅ Padronize títulos: se usa maiúsculas, use sempre; se usa apenas iniciais maiúsculas, mantenha.
✅ Abreviações: escolha entre “Exmo. Sr.” ou “Excelentíssimo Senhor” e siga com ela até o fim. Nada de alternar.
✅ Datas: defina um padrão (ex: “julgado em 01/01/2024” ou “j. 1-1-2024”) e repita-o.
✅ Citações e ementas: mantenha coerência no estilo de pontuação e marcação.
✅ Leia sua peça como se você fosse o juiz — e pergunte: “eu confiaria em quem escreveu isso?”
Na advocacia, a forma não é vaidade — é credibilidade. Um texto bem cuidado visualmente diz ao magistrado: “Você pode confiar na seriedade do que está aqui”. Não deixe que uma apresentação descuidada sabote um conteúdo tecnicamente valioso. Redação boa é aquela que se vê de longe — e se confirma de perto.
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