Embora muitos advogados usem perguntas retóricas como técnica persuasiva, essa estratégia pode ser um tiro no pé se não for bem executada. O problema é simples: o leitor pode não ter a resposta que você espera.
O risco das perguntas sem resposta
Veja este exemplo:
“Ora, Excelência, será mesmo possível um cidadão viver, hoje em dia, com apenas R$ 3.000,00 mensais?!
Aliás, conforme documentação de fls. 12-13, …”
O redator parte do pressuposto de que a resposta é óbvia: não, uma pessoa não consegue viver com essa quantia. No entanto, o magistrado pode conhecer muitas pessoas que vivem com menos, levando a uma interpretação oposta à desejada.
Como corrigir o problema?
A melhor forma de evitar interpretações indesejadas é responder imediatamente à pergunta. Assim, você direciona o raciocínio do leitor para o ponto que deseja destacar.
Exemplo corrigido:
“Ora, Excelência, será mesmo possível um cidadão viver, hoje em dia, com apenas R$ 3.000,00 mensais?! No caso do autor, é evidente que não, consideradas as despesas fixas que possui.
Aliás, conforme documentação de fls. 12-13, …”
Aqui, o redator não deixa espaço para dúvidas, reforçando a argumentação de forma mais direta e convincente.
Dica prática
Se optar por fazer perguntas em sua peça:
- Responda imediatamente.
- Conduza o raciocínio do leitor para o objetivo da sua tese.
- Evite perguntas cuja resposta possa variar de acordo com a experiência pessoal do leitor.
Conclusão
Perguntas retóricas podem ser poderosas, mas também arriscadas. Para garantir a clareza e a eficácia da argumentação, nunca deixe uma pergunta aberta sem resposta. Isso evita interpretações indesejadas e fortalece sua persuasão.
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