
Muito se fala sobre o “gerundismo” na linguagem do dia a dia — aquela construção repetitiva e artificial, típica de frases como “vou estar encaminhando o relatório”. Esse uso exagerado do gerúndio já é amplamente criticado por profissionais da comunicação. Mas há um outro tipo de gerundismo, menos evidente, que merece atenção especial no contexto jurídico: o gerundismo estrutural e desnecessário.
Este, sim, compromete diretamente a clareza, a fluidez e até a precisão dos textos jurídicos. E o mais preocupante: ele é frequentemente encontrado em petições, pareceres, sentenças e recursos, passando despercebido por muitos profissionais.
📌 O Problema: Quando o Gerúndio Enfraquece a Redação
Na estrutura jurídica, o uso do gerúndio deve ser contido. O problema ocorre quando se recorre a esse tempo verbal em contextos que comportam construções muito mais diretas e elegantes.
Compare:
“O autor, estando de posse dos documentos, ingressou com a ação.” ❌
“O autor, de posse dos documentos, ingressou com a ação.” ✅
O primeiro exemplo, embora gramaticalmente correto, é desnecessariamente pesado. O uso do gerúndio aqui não acrescenta valor e pode até prejudicar a objetividade da redação.
Por que isso importa?
A linguagem jurídica exige clareza, precisão e economia verbal. O uso do gerúndio, quando mal empregado, passa a impressão de insegurança, enrolação ou até desconhecimento técnico. Pior: compromete a fluidez do raciocínio jurídico, algo essencial em qualquer peça processual ou trabalho acadêmico.
Adotar uma redação mais direta não é apenas uma questão de estilo — é uma ferramenta para argumentar melhor, comunicar com mais eficácia e demonstrar domínio sobre o conteúdo.
Em resumo:
Evite o gerúndio quando ele puder ser substituído por estruturas mais simples e claras;
Prefira construções coordenadas, subordinadas ou nominais, que garantam fluidez e precisão;
Lembre-se: escrever bem é também escrever de forma estratégica.
Assista aos meus vídeos no Youtube
Me siga no Instagram
Compre o E-book Guia de Redação Jurídica