Se estiverem de pé, sentem-se para ler o post com calma.
Se estiverem na correria, parem de ler aqui e voltem mais tarde.
Bom, leiam a seguinte frase até conseguirem entendê-la.
Só depois de entenderem, continuem a leitura:
“Resolvida a questão suscitada pelo apelante nas suas razões, mas mesmo assim ele interpôs recurso para o STJ”.
Tenho certeza que vocês leram pelo menos duas vezes a frase para extrair o sentido dela.
Acertei? Gente, acreditem em mim: fazemos, sem perceber, esse tipo de frase DIARIAMENTE.
Diria até que esse tipo de frase é uma marca do texto jurídico, uma praxe.
Mas não é por ser uma praxe que podemos continuar adotando-a, pois, como vocês mesmos acabaram de ver, esse modo de escrever deixa o texto obscuro;
o leitor tem de lê-lo duas ou três vezes.
A falta de clareza na frase apresentada ocorre porque a primeira oração parece ser reduzida de particípio (“Resolvida…”), de modo que nosso cérebro espera ler na sequência uma oração principal, o que não ocorre.
Em vez disso, deparamo-nos com uma adversativa (“mas mesmo assim…”).
Mas o interessante vem agora.
Reparem como a adição de uma simples palavra na frase em questão basta para ela ficar claríssima:
“Foi resolvida a questão suscitada pelo apelante nas suas razões, mas mesmo assim ele interpôs recurso para o STJ”.
Viram? Bastou colocar um “Foi” no início da frase que ela ficou clara, como num passe de mágica.
Mais casos:
“Logo, aplicável essa diretriz ao caso posto a embate, uma vez que o acidente ocorreu nesse período”.
“Flagrante a existência de uma relação de consumo entre seguradora e segurado, na qual a primeira figura como fornecedora”.
Percebam como ficam bem melhor assim:
“Logo, É aplicável essa diretriz ao caso posto a embate, uma vez que o acidente ocorreu nesse período”.
“‘É’ flagrante a existência de uma relação de consumo entre seguradora e segurado, na qual a primeira figura como fornecedora”.